quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Mundo e Suas Etranhas Coincidências 2


Nos idos de 1830, Schopenhauer teve um sonho que considerou um mau presságio e deixou Berlim. Pouco depois uma epidemia de cólera assolou a cidade e matou Hegel, seu maior adversário intelectual. Meira Penna faz pilhéria do caso:

“Conta-se que, em 1830, [Schopenhauer] fugiu de Berlim em virtude de um sonho que considerou profético. Escapou assim de uma epidemia de cólera, enquanto Hegel, acreditando que o real é racional, não registrou sonho algum, não tomou providências, não abandonou Berlim e morreu por foca da realidade insofismável da mesma epidemia...” (Polemos, 2006, pág. 67).

As aparições da Virgem Maria em Fátima guardam uma íntima relação com a Revolução Russa. A última aparição ocorre no mês de outubro de 1.917, exatamente o mês da Revolução Bolchevique. A virgem pedia a conversão da Rússia, caso contrário esta nação espalharia seus erros pelo mundo. E espalhou. Todas as suas profecias foram confirmadas pela história.

Jung analisava uma paciente que tinha sonhos recorrentes com um besouro dourado. No meio da sessão chamou-lhe a atenção um barulho na vidraça de seu consultório: era uma joaninha dourada, muito rara, não encontradiça no local. O episódio era um exemplo de seu próprio conceito de sincronicidade, por ele definida como “uma ocorrência simultânea de um estado psicológico com um ou mais eventos externos que parecem ser paralelos significativos do estado subjetivo momentâneo.”

A sincronicidade para Jung não é mera coincidência de eventos: um laço desconhecido liga “um estado psicológico” a “um evento externo”. Digo laço desconhecido pois as sincronicidades existem mas permanecem um mistério. Existem diversas teorias explicativas, mas qual seria a correta?

A sincronicida é que dá fundamento à astrologia. Stanislav Groff, discípulo de Jung e um dos pioneiros das pesquisas sobre os efeitos do LSD sobre a psique humana, observou ao longo de suas pesquisas e de sua prática psiquiátrica um número formidável de sincronicidades que pela lei das probabilidades não podem ser tratadas como meras coincidências. O biólogo Rupert Sheldrake é outro estudioso das sincronicidades da natureza sob uma perspectiva própria, tendo criado uma teoria explicativa para o fenômeno: a teoria dos campos mórficos.

Mas nem tudo o que reluz é ouro. Em seu livro “Quando o Impossível Acontece”, Stanislav Groff narra uma série de coincidências interessantes que o levaram a crer ter encontrado a mulher de sua vida. Casou-se na Islândia, num ritual estranho. Pouco depois da cerimônia acordou sombrio e deprimido: era o presságio de que algo errado estava por vir. Pois bem, seu casamento foi um fracasso e se divorciou pouco depois. Assim ele avalia o caso:


“A aventura na Islândia foi uma experiência fascinante envolvendo as energias arquetípicas que irrompem na vida cotidiana e criam sincronicidades surpreendentes. Entretanto, ela me ensinou uma lição importante.Eu aprendi a não confiar incondicionalmente no pode sedutor dessas experiências e no encantamento e aumento do ego que criam. As sensações de êxtase associadas com a emergência de forças aquetípicas não garante um resultado positivo. É essencial evitar agir enquanto ainda estamos sob seu encantamento e não tomar decisões importantes até estarmos com os dois pés no chão” (Quanto o Impossível Acontece, 2006, pág. 49).”

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