terça-feira, 23 de setembro de 2008

O CORINGA E A ESPECTATIVA ESCATOLÓGICA

A Propósito do Filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas."

Na infância eu temia o fim do mundo. Na adolescência descobri que na alma humana há algo que deseja a destruição do mundo com uma força vulcânica. A volúpia da destruição do mundo é talvez a mais poderosas. Qual o fundamento deste desejo poderoso de destruição do mundo? A melhor resposta que tenho encontrado: ele tem fundamento na espectativa escatológica. Na milenar esperança de que a este mundo, após destruído, após o banho de sangue redentor, sucederá o novo céu e a nova terra que é o maior anseio da humanidade. E o papel daquele que irá iniciar esta destruição é o mais cobiçado. Quantos não sacrificaram a sua vida para iniciar o processo de arrasamento da terra.

Ninguém desejou com mais força representar este papel do que Karl Marx. Ninguém fez mais pela destruição do mundo do que ele. E ninguém chegou mais perto de êxito do que ele. O apocalipse é o tema principal de seus poemas de juventude e toda a sua obra é uma tentativa é uma continuação deles, como bem percebeu Paul Johnson (Os Intelectuais ).

Não há dúvidas, o Coringa é movido, inconscientemente, por um desejo ardente de acelerar o processo escatológico. O Coringa é o Netchaiev, o Verkovenski, o Karl Marx de Gothan.
***
Há dois anos que via o romance "O Amanuense Belmiro" na única livraria da cidade, ainda envolto em num plástico, talvez desde 1983 quando saiu do prelo. Resolvi tirá-lo do limbo do esquecimento. O dono da livraria, sempre bigodudo e descalço levou um susto. Não gosto do tom melancólico de vencido resignado próprio deste livro e de tantos outros nacionais. Prefiro o estilo altissonante, o vibrante e o sarcástico, mas farei honra à memória do escritor mineiro e o lerei até o fim.

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