terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Neuroquímica do Ennui Pascaliano


A propósito da leitura de páginas lúgubres de "Polemos", obra de José Osvaldo de Meira Penna.

Lia com gosto coisas sobre o ennui pascaliano, o desespero kierkegaadiano, o “life is but a walking shadow” shakespeareano, o “Esperando Godot” de Beckett. Coisas que fizeram muita gente de cabeça fraca dar um "adieu monde terrible", um "goodbye cruel world" (The Wall: 1979). Um dia experimentei levemente estes sentimentos e não foi nada agradável. Foi então que a diferença do mundo como idéia e o mundo como mundo (insight de Bruno Tolentino) se tornou mais clara para mim. Que não volte nunca mais. Não quero ser infeliz e depressivo como Kierkegaard e Pascal, por mais heróico que isto seja ou ficar louco como Nietzsche - o que é ridículo. Prefiro até viver como o bon-vivant mal-caráter que foi Schopenhauer.
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Mas deste ennui, desta nausée, deste sentimento de angústia e falta de sentido podemos ser acometidos mesmo após termos lido Victor Frankl. Isto constatei na prática.
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O ennui não pode ser explicado pela neurociência moderna. Não é uma simples questão de distúrbio de neuro-tranmissores, curável com fluoxetina. Dir-se-ia que existisse prozac no tempo de Kierkegaard, ele não teria escrito seu ensaio sobre o desespero humano. Mas por outro lado nem toda depressão tem explicação espiritual, em certos casos é simples problema neuroquímico. Do contrário não teria explicação o fato de pessoas sem espírito caírem em depressão.

2 comentários:

Adriana Godoy disse...

Passei pelo blog do Guga, com a esperança de que ele tivesse voltado e vi seu comentário. Então, vim parar aqui e me debrucei sobre seus textos um tanro quanto interessantes, bem fundamentados, bem escritos. E posso dizer que me surpreenderam. E posso dizer que vou voltar.

DDR disse...

Eu também voltarei, olha, excelente o blog. Não conheço Meira Penna, deu vontade de procurar.

Mas porque você acha que Schopenhauer foi um bon vivant mal-caráter?

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